quarta-feira, 17 de julho de 2013

Música


"Eu nem quero entender/o que toca o chão/ e que atravessa em mim/ mas eu vou dizer/foi uma brisa boa/ foi um vento à toa/ há, eu vejo você vir/ na janela de manhã/e quando eu vou dormir/há, sua pele em mim/ e seus olhos assim/longe de mim"



Você,
Não-amor, não paixão, não ser.
Você, nos seus gestos

A sua pele...
A sua mão que escorre sobre os meus braços e
Os seus olhos que baixos olham
O infinito...

O seu toque sobre o meu rosto
Desperta a essência que brota
Em meus suspiros...

A sua boca,
A sua boca quente e úmida que toca os meus lábios
Como o pouso de uma borboleta...

A sua essência
Escondida entre as suas furtivas olhadas,
A sua alma inquieta
Presa em sua respiração.

Você, o segredo, o mútuo, o silêncio,
Você, seu silêncio, os seus gestos...




Corpo

Ta tudo aqui, nesse corpo.
As dores, o pesar, o rancor.
Ta tudo aqui.
O prazer, o desejo, aqui e alí.
Ta tudo bem.
Ta na pele, ta nos poros, ta nos arredores.
Ta tudo nesse corpo.
Corpo forte, corpo estranho, corpo longe
Ta tudo aqui, meu bem.
As histórias, a cultura, as leituras.
Ta tudo aqui nesse corpo.
O preconceito, o amor, esse jeito.
Ta tudo aqui nesse corpo.
Ta tudo aqui, nesse meu corpo, seu corpo.
Corpo desse corpo.


"Hoje eu acordei, resolvi me observar
por não ter uma missão
de manhã me vi no mar
lá me entreguei à dor
lá respirei o ar
que na vinda de um beija-flor
levou de mim todo o meu amor"

Dedicado a mim por Tássia Corrêa. (Uma linda!)


A coisa

Um dia resolvi. Resolvi mudar em mim “aquela coisa” que me incomodava,
Que às vezes tirava o sono, e o meu tempo livre.
Pronto. A vida seria perfeita resolvendo isso.
Eu seria uma pessoa quase perfeita.
Aquele elefante gigante e roxo deixaria de atormentar a minha rotina e eu passaria a ver os meus dias com mais tranquilidade.
Solução descoberta.
Não deu um dia inteiro, descubro que a razão do meu incômodo não era aquela coisa.
Aquela coisa simplesmente era eu, o elefante roxo era eu.
Eu não seria genuinamente eu, sem “aquela coisa “  me atormentando ao menos de vez em quando.
Abrir mão dessa coisa seria deixar um pedaço de mim.
O máximo que consegui foi esconder o elefante roxo no armário, para depois liberar e pintá-lo de amarelo.


Madrugada de insônia

Você foi
O baseado que eu fumei
A droga que entorpeceu
O fluído que eu tomei
E os passos que eu dancei...

Você foi
A madrugada de insônia
A energia inesgotada
A felicidade na minha cara
A risada escancarada

Você foi
O silêncio na minha espera
O olhar na minha surpresa
E a companhia tragada gota – a – gota

Você é
As marés dos meus olhos
A inspiração nas noites sós
A arte em meu corpo
A música nos meus sonhos

Você é
O desconhecido que me intriga
O corpo que me afeta
O rosto que me encanta
O silêncio nas horas vagas

Você é
Um dia de sol
Um texto difícil de ler
Um olhar perdido na noite
A poesia dos meus dias

Você é
A conversa mais bela
O amigo estranho de ter
A companhia completa
O abraço inesperado de ontem

É você
Toda essa melodia
As notas desses acordes
A canção mais bela
E o som da minha poesia

É você
A madrugada de insônia
As estrelas na minha janela
As frases desse poema
E a saudade gasta nesse papel